segunda-feira, 19 de setembro de 2011

para a falta de felicidade

Gente que (assim como eu) só se ferra na vida pode (assim como eu) encontrar em um relacionamento amoroso uma nesga de chance de poder sorrir de vez em quando. Mas é importante, veja bem, que a pessoa que você vá se relacionar seja uma pessoa de constante sucesso. Ou no mínimo menos fracassada que você. Se você ama alguém, você se sentirá feliz quando este alguém se sentir feliz. É este o segredo.
A vida pode ser uma tremenda merda e tudo pode dar errado sempre. Você pode ter acordado com barulho de furadeira às sete e meia da manhã tendo ido dormir às três, a chapinha pode ter explodido na sua cara e isso pode ter feito você perder o ônibus e chegar atrasada ao trabalho, onde te pedem com o bafo na nuca por aquilo que você não está conseguindo cumprir devido à incompetência de terceiros, mas se aconteceu uma coisa boa na vida do seu namorado nesse meio tempo e ele agora está sorrindo, você vai sorrir também.
Se a pessoa em questão estiver triste, entretanto, seu dia não vai piorar, porque ele já está uma merda mesmo. No máximo terá um companheiro para reclamar, o que de certa forma pode ser interessante. É este o segredo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

valeu, woody

Resolvemos dar uma passadinha na Saraiva antes da sessão. Andamos pelos dois andares, lemos muitas contracapas, orelhas e primeiros parágrafos, até que na saída eu disse que não encontrava mais nenhum livro que eu quisesse muito ler.
Pipocas e refrigerantes mais tarde, estávamos sentadinhos esperando Meia Noite em Paris começar. Por alguma espécie de milagre o filme continuou em cartaz por um tempo recorde até que encontrássemos uma oportunidade de vê-lo no cinema. E lá estava. A pipoca, como sempre, acabou antes do primeiro diálogo.
Uma hora e quarenta minutos depois, eu saía esbaforida da sala. Uma confusão mental sobre qual livro do Scott Fitzgerald ou do Hemingway eu leria primeiro me fez interrogar o Upiara até em casa, no táxi escuro que deslizava pelas ruas da ilha debaixo de chuva.
Paris é uma festa foi a primeira escolha, da biblioteca da faculdade mesmo. Depois de assistir Meia Noite em Paris foi meio difícil resistir ao título. Mal havia começado a ler e uns dias mais tarde eu já saía de um sebo porto-alegrense carregando outra pequena pérola, dessa vez Fitzgerald e seu Grande Gatsby.
Essa sou eu, aquela mesma que não encontrava um livro que quisesse muito ler.
Ainda não terminei o Paris é uma festa, mas, em tempo, os diálogos de Hemingway (Tatie) com sua mulher são a coisa mais adorável do planeta.

- Voltaremos então para casa, comeremos aqui mesmo, teremos um jantarzinho delicioso, beberemos Beaune da cooperativa que podemos ver aqui da janela, pelo preço indicado na vitrina. Depois leremos um pouco e, mais tarde, iremos para a cama fazer amorzinho gostoso.
- E nunca mais amaremos a qualquer pessoa tanto quanto amamos um ao outro.
- Não. Nunca. 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

terminal

Outra noite sonhei que te perdia e acordei com vontade chorar. Era mais ou menos como eu imaginava que seria, sabe... quando for... quero dizer. No sonho eu te dizia o que provavelmente eu diria caso tivesse acontecido de verdade. E fui viver da mesma maneira que suponho que eu vá viver quando... enfim.
É como uma doença terminal em que o médico não disse exatamente quanto tempo você tem, mas você sabe que não é muito. E tenta prolongar sua vida o máximo que der, entende? Começa a comer vegetais, fazer exercícios físicos e tomar dois litros de água por dia. E tenta aproveitar intensamente cada minuto do que ainda resta, mas sabe que não pode exagerar. Emoções fortes às vezes podem ser fatais.