quinta-feira, 3 de abril de 2014

sorry my english

Você acha que seu inglês está ok, ou no mínimo razoável para uma entrevista pré-elaborada.  Mesmo a pobreza não tendo te deixado fazer um intercâmbio e nem te dado a oportunidade de um bate-papo com um gringo qualquer - desconsiderando um espanglês certa feita protagonizado por mim com um peruano -, você acabou dedicando alguns anos ao estudo da língua. Você até pensa em inglês com alguma frequência.
Acontece que você vira uma moita quando percebe que inesperadamente está a três segundos de entrar em uma salinha com um dos melhores guitarristas do mundo e que desde 2006 faz parte do Guns N' Roses.
Eu tinha preparado umas três perguntinhas mentais para o caso de eu conseguir algum contato, mas como não era algo que eu acreditava, saí de casa calma & serena.
Pois bem. Lá estava eu. Eu.
Este mesmo eu que quatro meses atrás tremia feito vara verde ao digitar no celular o número do Duca Leindecker para uma entrevista em meu próprio idioma.
Veja bem, se as palavras em sua própria língua já desaparecem da sua frente quando você fala com alguém que você considera muito foda, imagina em uma língua que você não domina com tanta precisão. Então lá estava eu na frente do Bumblefoot, implorando aos céus que um alçapão se abrisse sob meus pés. Como nada aconteceu, comecei pedindo desculpas pelo meu inglês ruim e dizendo que era a minha primeira entrevista naquelas circunstâncias. Ele disse que tudo bem e me ofereceu uma castanha de caju. Bumble fingiu que entendia tudo o que eu dizia sem qualquer dificuldade, porque é um gentleman, mas notei que o rapaz no canto da sala, brasileiro fluente em inglês, estava achando aquilo muito engraçado, especialmente o meu sofrimento.
Cinco minutos depois, saí da sala e meu coração voltou a bombear sangue para o resto do corpo.
E eu tinha uma entrevista na mão.

Aqui está ele, muso. As castanhas ali em cima.


 Aqui estamos nós.


 Aqui também. Eu com cara de merda do lado do homem. Por que, deus?


Fotos: Marco Santiago

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